segunda-feira

Comunicação e transparência

Comunicar a sustentabilidade com ética, transparência e profissionalismo não é importante apenas para agregar valor à marca e angariar clientes e vendas. A informação é um fator de grande importância à medida em que, a partir dela, os consumidores, shareholders e colaboradores passarão a desenvolver uma consciência crítica em relação à responsabilidade coletiva e de como suas ações podem impactar o meio ambiente.

"Ainda temos situações de 'boca grande e ouvido pequeno', onde as empresas falam muito, mas ouvem pouco. O ideal é criar canais efetivos de comunicação entre os diversos públicos e a cúpula da empresa. A comunicação explicita o compromisso e está dentro da pauta sustentável", 
Por outro lado, informar é proporcionar a todos esses públicos a oportunidade de escolha. "Consumidores informados das consequências ambientais e sociais de suas opções podem tomar as melhores decisões: escolher a melhor correlação entre produtos, preços e práticas empresariais"

A sustentabilidade é para qualquer empresa?

Ao conceber a sustentabilidade empresarial como um valor holístico, consideramos que todos os processos e atores envolvidos em um empreendimento – a cadeia de valor por completo – deve funcionar como uma simbiose entre homem, natureza e comunidade. E quando o produto final é, em si, agressivo ao meio ambiente e aos seus usuários? Adianta plantar árvores para aliviar o enorme passivo ambiental e social? "A sustentabilidade corporativa não é um jogo de ganha-ganha. Muitas empresas vão desaparecer", lembra Almeida.

Para Wilson Bueno, doutor em Jornalismo Científico pela USP, apesar de dificilmente um negócio ser completamente sustentável, há empresas que carregam um ônus ambiental tão pesado que jamais poderiam se declarar socioambientalmente responsáveis. "Dentro de certos parâmetros, é possível atenuar o passivo ambiental. Mas eu não consigo imaginar a sustentabilidade associada à indústria do tabaco, por exemplo, uma vez que ela não contempla princípios fundamentais, como a qualidade de vida e a saúde dos seus clientes", critica Bueno.
"Há uma tendência de que esse processo se consolide, mas eu não seria tão otimista a ponto de imaginar que empresas e setores vão levar isso ao pé da letra de tal forma que prejudique os lucros ou estratégias. Nunca teremos empresas cem por cento sustentáveis, mas o importante é trabalhar no sentido de cada vez mais as companhias incorporarem o conceito e a prática da sustentabilidade à gestão", explica. A visão de Bueno encontra respaldo em cases como o da Bayer, fabricante de pesticidas agrícolas. Mesmo com um produto final potencialmente prejudicial à saúde, a empresa desenvolveu programas para educar agricultores e usuários sobre os procedimentos corretos a serem adotados na aplicação do produto, evitando a contaminação.